Ser mulheres juntas não era suficiente. Éramos diferentes. Ser garotas gays juntas não era suficiente. Éramos diferentes. Ser negras juntas não era suficiente. Éramos diferentes. Ser mulheres negras juntas não era suficiente. Éramos diferentes. Ser negras sapatonas juntas não era suficiente. Éramos diferentes... Levou algum tempo para percebermos que nosso lugar era a própria casa da diferença e não a segurança de alguma diferença em particular. (Audre Lorde)

segunda-feira, 10 de março de 2014

PROGRAMAÇÃO DA SEMANA DA MULHER NO IFMS-COXIM: MULHERES NA EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, TÉCNICA E TECNOLÓGICA

O NÚCLEO DE INCLUSÃO E DIVERSIDADE DO IFMS-COXIM CONVIDA A TODXS  A PARTICIPAREM DO DIA 10 AO DIA 14 DAS SEGUINTES ATIVIDADES:

DEBATE
DEBATE ENTRE MULHERES:  ESTUDAR E TRABALHAR NA EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, TÉCNICA E TECNOLÓGICA – QUARTA-FEIRA DAS 14H30 ÀS 16H20 (120 VAGAS – NÃO NECESSITA INSCRIÇÃO)

CINEMA
CINE-SOCIOLOGIA COM O FILME OLGA – SEGUNDA-FEIRA DAS 13H45 ÀS 17H (120 VAGAS- NÃO NECESSITA INSCRIÇÃO) - Alexandre Lopes/Prof. Me/IFMS

MINICURSO
A CIÊNCIA É MASCULINA OU AS POSIÇÕES DE DESTAQUE NA CIÊNCIA SÃO MASCULINAS? -  TERÇA-FEIRA DAS 14H ÁS 17H (20 VAGAS) – Ana Karoline Jerônimo da Silva/ Graduanda/ IFMS- Lucas Pereira Gandra/ Graduando/ IFMS

RODA DE CONVERSA
SAÚDE DA MULHER – QUINTA-FEIRA DAS 9H30 ÀS 11H  (40 VAGAS) – Shintia/ Enf.ª/ SAE/

OFICINAS:
TEORIAS E PRÁTICAS DE YOGA - SEGUNDA-FEIRA DAS 15H30 ÀS 17H30 (15 VAGAS) – Kelly Dutra/ Prof.ª
LEITURA AFETIVA – SEXTA-FEIRA DAS 14H30 ÁS 16H30 (10 VAGAS) –Jozil dos Santos/ Prof.ª Esp./ IFMS - Raul Alves/ Graduando/UFMS
ESTENCIL: FEMINISMO E ARTE -   SEXTA-FEIRA DAS 8H30 ÀS 11H30 (6 VAGAS)- Cleiton Zóia Münchow /Prof. Me./IFMS - Gleiciane Cruz/ Estudante/IFMS - Raquel dos Santos/ Estudante/IFMS – Regiane Arruda/Estudante/IFMS.

INTERVENÇÕES NO INTERVALO
DANÇAS CIRCULARES – Jozil dos Santos/ Prof.ª Esp./ IFMS - Cleiton Zóia Münchow /Prof. Me./IFMS – Com a participação dxs estudantes do IFMS
CURTA FEMINISTA  NO INTERVALO - Cleiton Zóia Münchow /Prof. Me./IFMS

EXPOSIÇÃO
EXPOSIÇÃO DE ARTESANATO EM ARGILA PRODUZIDO PELAS ESTUDANTES DO PROGRAMA MULHERES MIL - QUARTA-FEIRA DAS 14H30 ÀS 16H20-  Tadeu Loibel/Prof. Me/IFMS – Martha Silveira Nogueira/ Prof.ª e artista plástica/IFMS


SOBRE A SEMANA DA MULHER NO IFMS

No Brasil a diferença de gênero é marcada pela desigualdade no mundo do trabalho.  As mulheres coxinenses, por exemplo, de acordo com os dados do IBGE de 2010, ganham em média 547, 07 reais a menos que os homens. A renda é somente um dos aspectos das desigualdades presentes no mundo do trabalho. Há muito as feministas nos mostraram que o pessoal é político de maneira que não podemos ignorar que ao trabalho realizado pelas mulheres - seja na iniciativa privada ou pública, como autônoma ou empregada – deve-se, ainda hoje, acrescentar o trabalho doméstico que, por ser recorrentemente apresentado como espécie de realização natural feminina, não gera rendimentos salariais.

Quando pensamos em mulheres que trabalham na área da educação (docentes e servidoras técnicas) não podemos perder de vista sua presença massiva nas séries iniciais de ensino e sua raridade nos níveis considerados superiores. Distribuição semelhante pode ser percebida no que se refere à ciência e à tecnologia, áreas do saber e de atuação profissional em que a presença feminina, além de invisibilizada, é menor. Não acreditamos que essa disparidade resulte de uma suposta natureza do comportamento feminino responsável por levar as mulheres para outras áreas de atuação. A inteligibilidade dessa organização deve ser buscada na própria instituição da ideia de natureza feminina, a qual, conforme Wittig, oculta que a divisão entre os sexos é política.

A compreensão política da divisão entre os sexos implica num posicionamento distinto em relação aos modelos de organização de sexo e gênero em que sua existência passa a ser pensada como efeito de relações de poder que, por meio das práticas cotidianas presentes nos mais diversos setores da nossa vida, constituem nossa subjetividade e identidade. Daí resulta uma perspectiva interessada em interrogar-se a respeito dos mecanismos de produção dessa divisão política (WITTIG, BULTLER, PRECIADO) que se resguarda sob a capa de uma pretensa natureza feminina. A partir dessa perspectiva, que se interroga pela produção tecnológica do natural, gostaríamos de propor um conjunto de ações orientadas no sentido de nos fazer pensar com as mulheres (tecnobio e tecnotrans) na educação técnica e tecnológica, espaço marcado oficialmente pela presença de tecnobiohomens.

Fizemos um levantamento na página da internet do IFMS para averiguar a distribuição de poder a partir de uma perspectiva de gênero e encontramos os seguintes resultados: dos 22 cargos de direção, distribuídos entre os 7 campi, somente 8 são ocupados por mulheres. O campus que apresenta maior número de mulheres é o de Três Lagos (3 diretoras), o de menor número é Coxim, que não tem nenhuma mulher ocupando cargo de direção, a não ser em caráter de provisoriedade. Nas coordenações também encontramos um desnível muito grande: dos 61 cargos, somente 17 são ocupados por mulheres. Mesmo no campus que apresenta o maior número de mulheres em suas coordenações, o total de mulheres perde para o total de homens: Coxim tem 4 coordenadoras e 5 coordenadores. O campus de Aquidauana, por sua vez, apresenta o menor número de mulheres em suas coordenações: 1 mulher e 6 homens.


A escolha do tema é estratégica e reflete nossa preocupação em problematizar gênero e sexualidade em nossas práticas cotidianas no mundo do trabalho de maneira a nos permitir criar percepções politizadas acerca dos processos de produção e de organização do gêneros e da sexualidade no interior do espaço institucional que habitamos e que - como bem nos mostrou Foucault, em Vigiar e Punir, utilizando a figura arquitetônica do panóptico - nos habita. 


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